O terreno paralelo à Rua Domingos Graciute Neto, no bairro Santa Maria, na cidade de São Caetano, era cheio de mato alto e sujeira. Escura, a área que faz divisa com Santo André e pertence à Petrobras, que tem dutos enterrados no solo, não era nada atrativa. Mas a vontade de criar espaço de lazer para a comunidade mudou a cara do lugar.
Hoje, a meta é transformar o antigo terreno abandonado em parque linear. A primeira etapa foi o plantio de cerca de 100 mudas de árvores, a maioria nativas da Mata Atlântica e fornecidas por meio de doações pelos próprios moradores e conhecidos. São ipês, flamboyans, goiabeiras, pitangueiras, pés de café e laranja e até pau-brasil.
A iniciativa é do grupo Salve Barroca, que não é ONG, mas sim, como os próprios integrantes definem, um espaço de convivência para quem quiser chegar. Tudo acontece na casa do ex-motoboy Rodrigo Gondim, o Guga, 34 anos, que herdou o gosto pela natureza do avô. “Foi ele que começou a plantar árvores por aqui.”
Guga deixou para trás a fumaça e o estresse da vida sob duas rodas para lutar pela instalação do Parque Ecológico Utinga. O projeto prevê, entre outras ações, o tratamento e preservação das nascentes e bicas do córrego canalizado que passa abaixo da rua, viveiro de mudas, horta coletiva, espaços de oficinas, ciclovia, pista para caminhada e até área de hipismo, já que há moradores do local que criam cavalos no terreno. O grupo pede ainda a instalação de iluminação pública e mais policiamento na área. “Apresentei a ideia para as Prefeituras de Santo André e São Caetano, mas disseram que o terreno é federal e nada pode ser feito”, reclama Guga.
Aliás, os moradores só conseguiram plantar as mudas depois que o estudante de engenharia ambiental e integrante do Salve Barroca Danilo Camargo Fino, 24, provou que era possível reflorestar o espaço sem prejudicar os dutos. “Pesquisei espécies de vegetais de raiz curta, ideal para esse tipo de lugar.”
Com a ajuda de todos, o projeto toma forma aos poucos. Hoje, o desafio é cuidar das pequenas mudas que já foram plantadas. Para isso, o grupo busca apoio por meio do projeto Adote Uma Vida, que prevê a contribuição mensal dos colaboradores para manter os exemplares arbóreos. Quem colabora ganha uma lâmpada estilizada e uma plaquinha com seu nome na árvore.
Para quem quiser conhecer mais sobre o projeto, haverá no dia 19 caminhada e passeio ciclístico no local, a partir das 9h.
Fonte: Diário do Grande ABC