Piscinão ameaça engolir casas em Santo André

Os imóveis do quarteirão formado pela Rua Jundiaí e Avenida Engenheiro Olavo Alaysio de Lima, no bairro Santa Terezinha, em Santo André, estão sendo engolidos pelo piscinão municipal da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André), que fica nos fundos das casas. O reservatório que ameniza enchentes na região foi construído há 16 anos, mas de dois anos para cá, começaram a aparecer rachaduras nas residências, algumas com até um palmo de largura.

A Defesa Civil acompanha a situação há um ano, conforme os moradores. Ao menos dez casas foram interditadas, três delas totalmente. É o caso da residência da comerciante Maria da Cruz, 48 anos. Ela, o filho e o marido tiveram de deixar o imóvel de três quartos, sala, cozinha, copa e quintal, onde viveram por 16 anos, para pagar R$ 500 de aluguel por três cômodos. “Quando a coluna da sala rachou, deu para ouvir o barulho, como se algo tivesse caído no chão, e depois vi o estrago. Chamei a Defesa Civil na hora e mandaram a gente sair.”

A casa está cedendo na direção do piscinão. O tráfego intenso de veículos pesados prejudica ainda mais as construções, que ameaçam ruir a qualquer momento. Quando um caminhão passa, os imóveis tremem. “O que queremos é sair daqui e ser indenizados pela Prefeitura”, garante o comerciante e líder dos moradores, Mauro Pagoraro, 47.





Mauro destaca que as famílias entraram com ação no Ministério Público, mas o parecer do promotor dá ganho de causa à Prefeitura Municipal de Santo André por não comprovar que as rachaduras estão ligadas ao piscinão. Às margens do reservatório, porém, é possível ver o solo cedendo e até mesmo o asfalto da avenida apresenta rachaduras.

A decoradora Isabel Fátima Bueno Barreiros, 48 anos, teve o quarto de uma das filhas interditado. O cômodo está descolando do restante da casa e caindo. “Quando vejo isso, sinto vontade de chorar. Investi na casa, fiz reforma e, um ano depois, começou a rachar.”

No imóvel do motoboy Luiz Carlos Galanesna, 40, o chão estufou tanto por causa da movimentação da casa que o piso estourou e formou um degrau. “Afetou até o encanamento. A casa está condenada.”

Até mesmo o Centro Espírita que funcionava na Rua Jundiaí há 28 anos teve de fechar as portas. A movimentação do solo fez as janelas desalinharem e os vidros quebraram. “Chegamos a reformar uma vez, mas não tem mais jeito. Tivemos de fechar para não colocar ninguém em risco”, diz Idalina Proeti Simões, 61.

Os moradores pretendem entrar na Justiça contra a Prefeitura. Para isso, precisam de laudo técnico de um engenheiro geólogo. “O custo do serviço é de R$ 15 mil. Como cobrar isso de famílias que estão perdendo seuslares?”, questiona Pagoraro. Eles querem que a administração arque com o prejuízo das famílias.

A Prefeitura foi procurada, mas esclareceu que a responsabilidade é do Semasa, que não se manifestou.

Fonte: Diário do Grande ABC





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