Paralisada na sexta-feira em razão da reunião com a população que discutiria as duas unidades de internação da Fundação Casa na vila Sacadura Cabral, em Guia da cidade Santo André, a obra será retomada hoje. A afirmação é do vice-presidente da instituição, Antonio Claudio Piteri, que esteve ontem à noite na Câmara. O encontro se transformou em palanque político.
“Infelizmente não consegui apresentar as informações técnicas. Sem nenhum avanço na reunião, a obra será retomada amanhã (CF51hoje/CF)”, afirmou Piteri, visivelmente irritado, e que preferiu não comentar sobre o embate político.
De um lado os moradores da região da Sacadura Cabral, que reúne população dos núcleos habitacionais da Tamarutaca, Quilombos 1, 2 e 3, Gonçalo Zarco e Conjunto Prestes Maia, com gritos de guerra e vaias. Do outro, servidores comissionados da Prefeitura de Santo André infiltrados no meio da população para claque – a intenção era desviar a atenção e insistir que a área foi indicada pelo governo anterior, do PT.
Carlos Roberto de Moraes, 64 anos, morador no Conjunto Prestes Maia, era um dos mais revoltados, “O pessoal veio tumultuar e não pertence ao nosso movimento. É tudo gente da Prefeitura”, afirmou. Questionado por que é contra a construção das duas unidades de internação no bairro, Moraes foi taxativo: “Sou contra e favorável a erguer uma obra social no local”.
As duas unidades, com capacidade para 56 vagas cada, serão erguidas pelo Estado na Avenida Dom Jorge Marcos de Oliveira, praticamente ao lado do Centro de Detenção Provisória, o que a comunidade local tenta impedir. Um inquérito civil foi instaurado pelo Ministério Público de Santo André. “Fomos nós que denunciamos”, afirmou o presidente do Movimento de Defesa dos Direitos dos Moradores de Favela de Santo André, Edinilson Ferreira dos Santos, autor da representação.
O terreno de cerca de 19 mil m² foi doado pela administração Aidan Ravin (PTB). Em troca, a Fundação Casa cedeu o prédio onde funcionava a Escola Estadual José do Prado Silveira. A partir de segunda-feira, a unidade, reformada pela Prefeitura, passa a funcionar como Escola Municipal de Educação Infantil e Fundamental e atenderá 1.300 alunos.
Com a contrapartida do Estado ao município, a Prefeitura praticamente lavou as mãos e liberou a construção na vila Sacadura Cabral. Tanto que ontem não enviou nenhum representante para a reunião.
A administração também negou participação de comissionados. “Tinha uns 40, inclusive o seu Antônio, da área da Saúde”, acusou o vereador Paulinho Serra, que organizou a reunião. Embora seja do partido do governador do Estado, o PSDB, o parlamentar é contra a construção na Sacadura Cabral. “Sou a favor da área no Cassaquera, que aprovamos no Legislativo”, apontou.
Fonte: Diário do Grande ABC