Memorando de número 59/05.2012 tramita na presidência da Câmara de Santo André, prevendo a compra de navegadores GPSs (sigla, em inglês, que significa sistema de posicionamento global) para 27 carros oficiais pertencentes à frota da Casa. Mesmo diante da falta comum de utensílios simples, como folha sulfite, o pedido da aquisição foi protocolado em 30 de maio e com tendência de aquisição neste mês. O valor estimado de cada aparelho é de R$ 269, o equivalente a um total de R$ 7,2 mil de gastos públicos.
Os GPSs possuem tela LCD touchscreen de cinco polegadas com computador de bordo e reproduz MP3, MP4 e TV digital. No documento, a justificativa apresentada é a de qualificar os serviços prestados junto aos gabinetes e a bordo dos veículos, nos quais também serão utilizados como instrumento de obtenção de informações de utilidade pública, e substituindo o antigo guia de endereços manual, facilitando a busca e localização de ruas dentro e fora do município.
A maioria dos vereadores admite que o custo com o produto é supérfluo, especialmente porque não traz nenhum benefício direto à população e sequer faz parte do habitual do público em geral, além de despender dinheiro do erário que poderia servir para outros equipamentos de real necessidade para o pleno funcionamento dos trabalhos legislativos.
Endossando o tom de desperdício de verba pública, o vereador Almir Cicote (PSB) afirmou que não vê qualquer argumento que sustente a compra dos aparelhos. “Não preciso de GPS. Conheço a cidade.” Segundo o socialista, há outras prioridades que passaram em branco até agora pelo crivo da Câmara. “Essas funções, como MP3, não têm validade no dia a dia. Cada um poderia comprar o seu (produto).”
Líder do governo no Legislativo, o vereador Ailton Lima (PTB) demonstrou surpresa ao ser abordado sobre o tema, relatando que os parlamentares não foram avisados do levantamento. Para o petebista, discussão desse gênero não tem cabimento. “Não acredito que isso seja verdade. Eu e meus assessores usamos guia e nunca nos perdemos.”
Dois parlamentares tucanos mostraram-se favoráveis à aquisição do material. Marcos Cortez avaliou que, pelo valor agregado e ajuda da localização, o GPS se torna interessante. “Acredito que há utilidade e hoje em dia tem preço acessível.” Integrante da mesa diretora, Marcelo Chehade defendeu que, se houver pesquisa para baixar o preço, seria importante a compra, alegando que, às vezes, o transporte passa por outras cidades. “Dá agilidade nos serviços e pode economizar nos combustível. Na minha concepção, todos os carros oficiais, como ambulâncias, deveriam ter GPS.”
O comandante da Câmara, José de Araújo (PMDB), não foi localizado para comentar o assunto.
RENOVAÇÃO
Em janeiro, o interesse da mesa diretora na renovação da frota gerou polêmica na Casa. Apesar de seminovos e em perfeito estado, os automóveis, ano 2007, seriam substituídos por carros zero-quilômetro. À época, o valor estimado era de R$ 980 mil.
Fonte: Diário do Grande ABC