Nascido em São Bento do Una, agreste de Pernambuco, Alceu Valença cresceu ouvindo as matrizes que formataram a obra de Luiz Gonzaga. Encantado não só pela música do Rei do Baião – como Gonzaga é carinhosamente conhecido – mas pelo cancioneiro brasileiro, Alceu aproveita para homenagear o lendário músico no ano em que completaria 100 anos.
Rodando o País com o espetáculo ‘Lua e Eu’, o cantor e compositor pernambucano homenageia o centenário de Luiz Gonzaga com o show homônimo. O músico se apresenta amanhã, no Espaço de Eventos do Sesc Santo André (Rua Tamarutaca, 302), às 21h. Os ingressos estão esgotados.
“Escutei os aboiadores, os emboladores, as cantigas de feira, cantigas de adjunto. O que fez parte do inconsciente dele também faz parte do meu. Então posso dizer que, para além da música de Luiz Gonzaga, meu encantamento é pela música do Brasil profundo, pelas expressões do agreste e do sertão que nos proporcionam uma identidade absolutamente original”, conta Alceu.
Ele revela que a ideia de prestar homenagem a ‘Gonzagão’ surgiu naturalmente. Alceu diz ainda que percebe que muita gente pega carona no centenário e inventa tributos sem propósito. “Gente que não tem nada a ver com a música de Gonzaga grava discos dedicados a ele. Por um lado é bom, porque a arte de ‘Gonzagão’ ultrapassa fronteiras e afirma sua singularidade. Sua influência passa a ser mais abrangente”, afirma. “Mas eu achei que cabia a mim – como cabe a vários outros artistas diretamente influenciados por ele – uma releitura especial de sua obra”, diz. Junto das releituras de Luiz Gonzaga, Alceu ilustra o show com as suas próprias, “evidenciando semelhanças e reafirmando nossa identidade nordestina.”
O show teve estreia em junho e desde então a agenda é intensa e já passou por diversas capitais. Alceu ainda quer rodar boa parte do Brasil. Ele diz que as reações no interior de São Paulo têm sido as melhores possíveis. “Estou cada vez mais encantado com esse público”, conta.
“Tenho certeza de que Gonzaga jamais será esquecido, apesar das tentativas frequentes de dilapidação que a culturabrasileira sofre diariamente. Mas o que é verdadeiro, permanece. Luiz, como eu, somos espelhos de nosso povo. As pessoas se reconhecem em nossa arte.”
Fonte: Diário do Grande ABC