Em três meses à frente dos respectivos governos, a maioria dos prefeitos do Grande ABC reclamou da herança de dívida financeira deixada pelos antecessores, levando-os a patinar no período. Com a situação, parte dos gestores decidiu contingenciar o Orçamento e prorrogar prazo de execução de propostas nas cidades. Fora as críticas às administrações anteriores, mantendo discurso de palanque eleitoral, somente reuniões oficiais, que, de fato, não evoluíram em projetos, salvo algumas exceções.
Na cidade de Diadema, o rombo anunciado pelo prefeito Lauro Michels (PV) marcou os primeiros 90 dias da gestão. O verde declarou ter recebido de Mário Reali (PT) um passivo de R$ 1,7 bilhão, somando Saned (Companhia de Saneamento de Diadema), ETCD (Empresa de Transporte Coletivo de Diadema), Saúde e outros segmentos. Até agora, o Paço negocia com a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) a situação da dívida da autarquia municipal.
Ao assumir receber o comando da Prefeitura de Mauá, Donisete Braga (PT) recebeu o alerta do antecessor Oswaldo Dias (PT) sobre as dívidas que assombram o município ao longo de duas décadas e que freiam o desenvolvimento social e econômico do município. De certa forma, justamente as finanças do Paço se tornaram a maior pauta no período da atual administração.
Ao fazer o balanço das contas de Santo André, o prefeito Carlos Grana (PT), alegou deficit na ordem de R$ 110,3 milhões. O petista admitiu que a dificuldade prejudicou o planejamento, mas ponderou que, mesmo assim, a gestão conseguiu “realizar o necessário”. “O problema não foram os primeiros dias (de governo) e sim daqui até o fim do ano. Projetos que tínhamos de imediato, talvez, terão de ser postergados na sua conclusão, com cronograma mais elástico para a sua realização.”
O chefe do Executivo de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB), avaliou que os R$ 41,4 milhões de rastro do governo Clóvis Volpi (PV) impossibilitaram a realização de ações efetivas. A única medida tomada foi o congelamento de 25% da peça para tentar não piorar a situação financeira.
Durante os primeiros três meses de administração Paulo Pinheiro (PMDB) em São Caetano, a organização administrativa e parcelamento da dívida herdada da gestão passada, R$ 264,5 milhões, são as principais bandeiras do governo.
O prefeito Luiz Marinho (PT), de São Bernardo, dá continuidade aos programas do mandato passado. Os projetos prometidos como prioridade durante a campanha eleitoral de 2012 estão em fase de negociação, principalmente, na área de Mobilidade Urbana. De concreto não saiu do papel. Continua na base da articulação após encontros com secretários dos governos Geraldo Alckmin (PSDB) e Dilma Rousseff (PT).
Marinho mantém plano da 1° gestão e pleiteia verba para obras
Único prefeito reeleito do Grande ABC, o chefe do Executivo de São Bernardo, Luiz Marinho (PT), chega aos 90 dias de governo do segundo mandato articulando ações e pleiteando investimentos para Mobilidade Urbana, área considerada por ele a prioridade para a segunda gestão, mas que ainda não têm ações concretas.
Alguns projetos de Marinho para o setor foram amplamente divulgados durante a campanha eleitoral, como a Linha 18-Bronze do Metrô, que ligará a estação Tamanduateí na Capital, ao Centro de São Bernardo, a ampliação das avenidas Samuel Aizemberg e José Odorizzi e a construção na cidade de São Bernardo de 11 corredores de ônibus e quatro terminais de integração de passageiros. Entretanto, nenhuma dessas intervenções deve ficar pronta até o fim de 2013.
Em março, Marinho se reuniu com o secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, para reafirmar o pedido de implantação de mais uma estação para a Linha 18-Bronze, que, a princípio, terminaria no Paço, mas que se estenderá até a Estação Djalma Dutra, próximo à Avenida Faria Lima, no futuro cruzamento do Corredor Leste-Oeste. O prefeito já havia discutido a ampliação com o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Marinho também foi escolhido para presidir o Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, apesar de ter refutado comandar a frente regional. Em seu programa de governo para o segundo mandato, o petista propõe que seja instituído um PPA (Plano Plurianual) Regional. A proposta começou a ser discutida na entidade, entretatanto ainda não avançou.
Governo Paulo Pinheiro realça colocar a casa em ordem
No período, o prefeito de São Caetano, Paulo Pinheiro (PMDB) gastou tempo em debate com seu antecessor José Auricchio Júnior (PTB), que contestou o débito e alegou ter deixado R$ 108 milhões em restos a pagar, frente aos R$ 264,5 milhões anunciados de dívida pelo peemedebista.
No discurso de Pinheiro, programado para o balanço de 100 dias de gestão – a completar dia 10 -, ele vai exaltar as ações tomadas pelo governo para conter os efeitos do passivo como o pagamento de pendência de R$ 3,5 milhões na área de Esporte na cidade de São Caetano e corte de gastos em até 30% em todas as áreas. Corte de gratificações e horas extras de comissionados, por exemplo, renderam aos cofres municipais economia de R$ 3,5 milhões mensais.
Outros feitos da gestão no Palácio da Cerâmica foram na área da Saúde, que é tida como prioridade. Medidas de otimização de gastos como a integração da Casa da Gestante com maternidade, para evitar gastos com aluguel, e a regularização da distribuição de verbas do SUS são destacadas.
Outros pequenos ajustes como nas instalações da Defesa Civil e aumento da equipe em 50%, além de repasse dos créditos do Cartão Alimento também forão adotados nesses três meses.
Dificuldade com Legislativo marca período de Lauro
Sem contar as críticas de deficit no balancete, a busca por governabilidade na Câmara de Diadema marcou os 90 primeiros dias de Lauro Michels (PV) no Paço. Além dessa frente, o verde mantém articulação com o governo do Estado pela manutenção da integração gratuitas nos terminais de ônibus Piraporinha e Diadema.
O clima de acirramento eleitoral ainda se fazia presente no município, que teve o fim do petismo na administração municipal após quase três décadas. A ausência de abertura do verde quanto à composição de outros partidos que faziam parte do arco de alianças do ex-prefeito Mário Reali (PT) fez com que a administração começasse com apenas seis vereadores na base. O PR, com bancada de quatro vereadores, reivindicava a Secretaria de Transportes, mas aderiu ao bloco oposicionista pela falta de diálogo do prefeito.
Cenário parecido ocorre com PSB, que também adota discurso contrário à gestão do verde, uma vez que não teve diálogo desejado. A cúpula solicita a sua fatia no bolo.
Hoje, Lauro reverteu o jogo, possui 12 vereadores e sinaliza passar Transportes para o PR. O prefeito ainda vai dialogar com PSB, que também dialoga sobre como será sua participação na gestão.
Grana defende ganho com projeto do Bilhete único
Em Santo André, o prefeito Carlos Grana (PT) assegurou que a dívida de R$ 110,3 milhões deixada pelo ex-prefeito Aidan Ravin (PTB) não afetará a realização das obras prometidas para a cidade, concluindo que apenas os prazos serão ajustados, conforme as prioridades da gestão. O petista mencionou, por exemplo, que o maior ganho nesses três meses é a garantia de implantação do Bilhete Único Municipal. “Significa a melhoria no sistema de transporte na cidade de Santo André público. Essa será a maior marca de governo no primeiro ano.
Grana defendeu que, no período, a administração conseguiu atender minimamente “os desafios colocados às secretarias”. O chefe do Executivo criticou a ausência de serviços essenciais na cidade, estipulados nos primeiros dias de gestão como “preocupação primordial”. Entre as ações, ele frisou recuperar o tratamento de emergência. “Destaco a limpeza e roçagem, paralisada no ano passado. Não havia nem contrato. Outra medida foi a manutenção da iluminação pública, há seis meses sem troca de lâmpadas.”
Outras dificuldades enfrentadas foram os projetos travados junto aos governos estadual e federal, como o Poupatempo de serviços, equipamento negociado desde 2010 com o Palácio dos Bandeirantes, e liberação de recursos da União, por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “Concentramos também nesse começo a impulsionar série de propostas que estavam paradas. O Poupatempo praticamente consolidamos no terreno da Rhodia.”
Donisete destaca recuperação do FPM após acordo com a Caixa
Desde que assumiu o Executivo de Mauá, Donisete Braga (PT) sempre enfatizou que Mauá dependia dos investimentos da União, principalmente oriundos do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) para Saúde, mobilidade urbana, educação e outros segmentos.
Outra tarefa do gestor municipal seria refinanciar parte da dívida de R$ 1,4 bilhão, o dobro do Orçamento da cidade, e recuperar o FPM (Fundo de Participação do Município), cujas perdas para este ano estavam estimadas em R$ 56 milhões em decorrência da dívida com Tesouro Nacional.
Após diversas reuniões, o governo petista obteve a primeira vitória no fim de março, ao chegar a um acordo com a Caixa Econômica Federal, garantindo que os cofres públicos sejam abastecidos com 50% do valor do FPM, R$ 1,9 milhão, enquanto o restante servirá para abater a dívida, que agora tem prazo de 30 anos.
Outra meta destacada nos 90 dias de governo Donisete envolve Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini. O município gasta R$ 66 milhões anuais, tendo suporte de apenas R$ 4 milhões de Brasília. O petista trabalha em duas frentes para resolver o impasse: obter R$ 20 milhões de suporte do governo do Estado e ampliar o investimento da União ao equipamento para outros R$ 20 milhões. Por enquanto, as negociações com as duas esferas prosseguem.
Saulo ainda patina em meio a crise econômica no Paço
O prefeito de Ribeirão Pires, Saulo Benevides (PMDB), não tem o que mostrar nesses três meses de governo. Os problemas financeiros engessaram a administração peemedebista, que não passou de conversas para atrair investimentos.
Saulo dedicou, nesse período, buscar recursos federais e estaduais, alegando que a municipalidade não possui condições de arcar com investimentos de infraestrutura urbana. A boa notícia foi o envio de R$ 4,1 milhões do Estado para ajudar na construção do Complexo Hospitalar Santa Luzia. Com a verba, o equipamento municipal com 125 leitos para internação deve ser entregue no primeiro semestre de 2014. As obras estão paralisadas por falta de dinheiro e devem ser retomadas na segunda quinzena de abril.
O prefeito foi até Brasília por diversas vezes em busca de recursos para o Turismo. Ele apresentou projeto para construir o teleférico que ligará o Morro Santo Antônio ao Camping Milton Marinho de Moraes. Serão 3,5 quilômetros e o custo inicial da obra é de R$ 10 milhões.
O peemedebista também se encontrou com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), para solicitar aportes da União. O tema da reunião foi a construção de túnel para ligar o Centro baixo ao Centro alto. A obra viária seria feita na Ponte Seca, próxima à Avenida Keith Richards. O número dois do Planalto se comprometeu em contribuir na captação do investimento.
Gestão Maranhão frisa a conquista de implantação por UPA
Ao completar 90 dias na administração, o prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (PSDB), destaca apenas até agora a garantia de implantação de UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 24 horas, principal promessa de campanha. Conforme o anúncio firmado pela Prefeitura, o centro de Saúde será realidade no município até o fim do ano. “Estamos fazendo a lição de casa. O plano de trabalho e o projeto serão entregues na próxima semana”, destacou o tucano.
O Paço tem expectativa que equipamento federal possa atender os 45 mil habitantes de Rio Grande e os moradores de Paranapiacaba e Parque Andreense, que pertence a Santo André. As ocorrências de acidentes ocorridos na Rodovia Índio Tibiriçá também serão encaminhadas para a UPA.
Maranhão destacou que as conquistas na área da Educação serão colhidas nos próximos meses. A administração abriu licitação para construir escola modelo no bairro Santa Tereza. “A escola seguirá os parâmetros de outra unidade que custou R$ 3 milhões e conta com biblioteca e brinquedoteca.”
A municipalidade fechou acordo com o Estado para construção de uma creche no Centro, outra promessa eleitoral. “A área da Avenida Dom Pedro está preparada para receber o investimento”, afirmou o prefeito. Outra proposta é o projeto do Parque Linear, protocolado no Palácio dos Bandeirantes.
Fonte: Diário do Grande ABC