Teve inicio por volta das 11h, no Fórum Santo André, na região do ABCD, julgamento de Lindemberg Alves dos Santos, acusado de matar a tiros a ex-namorada Eloá Pimentel, em outubro de 2008.
O julgamento, que deveria ter começado às nove horas de ontem, tem júri popular constituído por sete pessoas, sendo seis homens e uma mulher. Os jurados foram escolhidos por sorteio entre 25 pessoas pré-selecionadas
O motivo do atraso para o julgamento (que por pouco não foi cancelado) foi a ação do advogado José Beraldo, que atua como assistente de acusação, que havia informado que a defesa queria substituir uma testemunha.
A advogada de Lindemberg, Ana Lúcia Assad, ameaçou pedir a anulação do júri, alegando cerceamento de defesa, caso o pedido não fosse aceito. Ao iniciar o julgamento, a juíza Milena Dias autorizou a mudança de duas testemunhas, mãe de Eloá (Ana Cristina Pimentel) e o irmão mais novo da jovem, Douglas. Antes de ter inicio o julgamento, o advogado-assistente da acusação comentou que não entendia a estratégia da defesa, e que as ações resultariam em “um tiro no pé”.
Movimentação
Desde o início da madrugada, populares se concentram em frente ao Fórum para poder obter a senha que permitirá assistir ao julgamento. Boa parte é de estudantes de Direito e parentes de Eloá. Mais de 180 pessoas deverão assistir ao júri na plateia.
A mãe de Eloá chegou ao fórum por volta das 9h30, e foi recebida com aplausos e gritos de “justiça”. O acusado entrou no fórum por volta das 8h15 após deixar a penitenciária de Tremembé, no interior do estado, às 6h30. Nayara Rodrigues, amiga de Eloá e baleada na ocasião, também estava no local. Ela é uma das cinco testemunhas de acusação.
Podem ser ouvidas a partir de agora 19 testemunhas, 5 de acusação e 14 de defesa, contudo já se sabe que quatro testemunhas foram dispensadas e outras duas substituídas. Ana Cristina será testemunha de defesa e o irmão de Eloá, Ronikson Pimentel dos Santos, será testemunha do juiz, ou seja, ele poderá depor por ambas as partes.
Doze crimes
Lindemberg é acusado pelo Ministério Público por 12 crimes. Além do homicídio qualificado de Eloá, ele responde pela tentativa de homicídio de Nayara e do sargento Atos Valeriano; pelo sequestro e cárcere privado de Eloá, Nayara e de dois outros menores de 18 anos, que foram liberados nas primeiras horas da ação; e disparo de arma de fogo. Segundo a promotoria, se condenado por todos crimes, a pena pode variar de 50 a 100 anos de reclusão. Pelas leis brasileiras, no entanto, o tempo máximo que alguém pode ficar preso é de 30 anos.
Entre as 19 testemunhas que serão ouvidas serão cinco de acusação e 14 de defesa. O MP convocou Nayara, Atos, Victor de Campos e Iago de Oliveira, que foram feitos reféns, e Ronikson Pimentel dos Santos, irmão de Eloá. Jornalistas que participaram da cobertura e peritos criminais estão entre testemunhas de defesa.
O julgamento tem inicio quase três anos e meio após o crime. As audiências, no entanto, começaram em janeiro de 2009. Na ocasião, a Justiça decidiu que Lindemberg iria a júri popular, que deveria ser iniciado em fevereiro de 2011. Lindemberg permaneceu em silêncio durante todo o período de audiências. A advogada de defesa, Ana Lúcia Assad, pediu a anulação do interrogatório alegando cerceamento de defesa. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou o pedido e anulou a audiência realizada de 2009, por reconhecer que houve falhas no procedimento. O processo foi retomado em março de 2011. Todas as testemunhas foram ouvidas novamente. E em agosto de 2011, a Justiça da cidade de Santo André confirmou que Lindemberg deveria ir a júri popular.
Fonte: DCI