Em Santo André, um aniversariante sem festa e presentes

Há 45 anos, em noite chuvosa de segunda-feira, na então sede do Tiro de Guerra, com a presença de 263 pessoas, foi fundado o Santo André Futebol Clube, que oito anos depois se transformaria no Esporte Clube Santo André. De lá para cá, se a sede social se fixou como uma das últimas estruturas do tipo na região, o futebol viveu momentos de instabilidade financeira e política quando quase fechou as portas, teve dias de muito sucesso e títulos, mas nas quatro últimas temporadas não há muito para o torcedor comemorar.

Se outrora alcançou o topo do País e comemorou a Copa do Brasil de 2004, desde 2009 – exceção feita ao Paulistão de 2010, quando foi vice-campeão – agora coleciona seguidos rebaixamentos, afinal, se naquele ano figurava nas elites nacional e estadual, hoje está na Série A-2 do Paulista (quase caiu à Terceirona no primeiro semestre) e, pelo segundo ano seguido, luta contra a degola na Série C do Campeonato Brasileiro.

Ex-atletas, torcedores, dirigentes, comissão técnica, elenco…todos buscam explicações para o que acontece com o Ramalhão, tentam apontar motivos para queda tão brusca em tão pouco tempo. Entre os problemas citados estão a falta de estrutura e patrocínio, pouco investimento e aproveitamento das categorias de base, contratações passageiras que não permanecem mais do que seis meses ou um ano e até mesmo amor à camisa.

Não bastassem as questões internas, o time ainda sofre com o descaso da Prefeitura Municipal de Santo André, que há dois anos e meio se comprometeu com o Ministério Público através de TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) a reformar o Bruno Daniel e, até hoje, as intervenções foram parcialmente feitas, o que acabou culminando na interdição do estádio. O local, inclusive, teve a antiga marquise demolida e o setor de cadeiras aterrado pela atual gestão.

Assim, os jogos na praça andreense são realizados sem a presença dos torcedores que, fieis, buscam buracos no muro e galhos de árvores para acompanhar o time. Torcida esta que desde o início de agosto, por iniciativa própria, organizou e hospeda exposição com camisas históricas do clube no Museu Municipal, contando um pouco da história do Ramalhão – a exibição foi prorrogada até o fim do mês.

Sob o risco de cair ainda mais para as camadas inferiores do futebol brasileiro e paulista, o Santo André apaga as 45 velinhas, com a expectativa de dias melhores, iniciando pela fuga do rebaixamento na corrente Série C e buscando o acesso de volta à elite do Campeonato Paulista no primeiro semestre de 2013.

Clube coleciona cinco títulos estaduais e a Copa do Brasil

Nestas quatro décadas e meia de história, o Santo André conquistou seis títulos de expressão. O maior deles, sem dúvida, foi a Copa do Brasil de 2004, derrotando o Flamengo no Maracanã na grande decisão, com gols memoráveis de Sandro Gaúcho e Elvis.





Mas aquela conquista não seria possível não fossem as duas do ano anterior. Em 2003, logo em janeiro, os meninos andreenses bateram o Palmeiras na final da Copa São Paulo de Futebol Júnior com Nunes, Tássio, Gabriel, Júnior Costa e companhia. Meses depois, próximo do fim da temporada, veio ainda o título da Copa Paulista sob o comando de Luiz Carlos Ferreira, torneio que rendeu a vaga na competição nacional.

O Ramalhão ainda soma três troféus da Série A-2 do Paulista, referentes a 1975, 1981 e 2008.

Sérgio do Prado lamenta situação de solidão do Sto.André

A situação complicada que o Santo André vive dentro e fora das quatro linhas fez com que o diretor de futebol Sérgio do Prado assumisse a sensação de solidão à qual Saged (Santo André Gestão Empresarial Desportiva) passa. Segundo ele, o estopim foi a perda do patrocínio na semana passada, em razão da falta de exposição da marca – uma vez que o Estádio Bruno Daniel não está liberado para receber torcida.

“O que temos a lamentar é que neste aniversário estaremos sós, mas com forças para vencer, porque continuamos vivos”, disse. “Jogamos de camisa lisa contra o Vila Nova (domingo). O patrocinador rompeu conosco. O contrato foi encerrado por não ter torcida em campo. Até nisso fomos prejudicados. Assim está sendo este 45º aniversário: sem renda, sem patrocínio e sem torcida. Hoje não recebemos nenhum centavo de fora para nos apoiar. Único e exclusivamente da Saged. Vamos sair dessa, mas vai ser no peito e na raça”, completou.

Sobre a negligência da Prefeitura com o clube, o dirigente desabafou. “Se tivesse apoio do poder público estaria em situação melhor. Nosso time hoje é o Papai-Noel: as pessoas gostam, mas não veem”, destacou, em alusão aos portões fechados do Brunão.

Como presente de aniversário, o cartola afirmou o que deseja nesta Série C. “Com certeza o acesso. Embora a situação incômoda, em momento nenhum deixamos de sonhar. O campeonato está aberto e indefinido. Então estamos totalmente focados nisso”, concluiu Sérgio do Prado.

Celso Luiz de Almeida celebra solidificação da sede social

Em tempos de mercado imobiliário aquecido e o surgimento de cada vez mais condomínios com área de lazer completa, o EC Santo André, no Jaçatuba, resiste com aproximadamente 25 mil sócios ativos e buscando investir cada vez mais para fortalecer a sede social.

“Está muito difícil, mas não podemos perder nossos sócios para os condomínios. O Esporte Clube Santo André, 1º de Maio e Aramaçan são os únicos que ainda resistem a isso na região. Então estamos investindo no nosso social para que fique mais solidificado”, declarou o presidente Celso Luiz de Almeida.

Segundo ele, não há problemas entre a parte social e a Saged, que gere o futebol. “Esporte Clube Santo André sempre será Esporte Clube Santo André. O relacionamento entre os presidentes é normal e de respeito. Os contratos apenas têm que ser respeitados pelas partes, que não têm problemas uma com a outra.”

O dirigente prevê “dias melhores” ao futebol ramalhino e espera que o novo prefeito municipal “olhe com outros olhos” para o Ramalhão. “O futebol é o carro-chefe da cidade”, concluiu.

Fonte: Diário do Grande ABC





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