O prazo foi estabelecido, mas não cumprido pela Prefeitura de Santo André. Em abril, o telhado do Teatro Conchita de Moraes seria reformado, mas nada foi feito até agora, dois meses mais tarde. A reforma envolveria a troca das telhas junto ao alteamento do telhado em ângulo que não permitiria o acúmulo de água.
Com manta asfáltica aplicada como ação paliativa para conter goteiras, o telhado já não deve receber melhorias tão logo. O serviço deixou de ser contratado por ter sido reconsiderado inadequado pelo setor de projetos da Secretaria de Cultura, Esporte, Lazer e Turismo, segundo o qual a reforma prejudicaria a iluminação natural do espaço.
O setor propõe alternativa de telhado plano, revestido por manta, que deve ser contratada por meio de licitação em vez de contrato de manutenção, conforme previsto anteriormente. Mas essa licitação sequer foi aberta. “Há acordo público, feito às claras. Não compreendemos o significado deste atraso, pois se deve haver licitação, por que a demora em dar início a ela? Sabemos que é ano de eleição e que as licitações se inviabilizam a partir de certo momento”, afirma Antônio Rogério Toscano, coordenador pedagógico da ELT (Escola Livre de Teatro).
Também se torna difícil para mestres e aprendizes a compreensão do motivo pelo qual empreiteira que faria a reforma se recusa a realizar a obra. “O que isso significaria? Que é preciso mais verba do que a que foi reservada para este fim? Por quê?”, questiona Toscano. “A Prefeitura havia dito que o novo projeto de reforma poderia ser realizado pelo mesmo valor”, completa.
Uma preocupação é que esse atraso possa colocar em risco as reformas já realizadas no piso do palco e da plateia do Teatro Conchita de Moraes. Para a Prefeitura, os serviços já executados na cobertura resolvem boa parte dos problemas de infiltração. “Todavia, como estamos em período com índices pluviométricos baixos, não entendemos que possamos ter maiores transtornos até a realização da respectiva licitação”, acredita o Executivo.
Segundo o mestre, a alternativa de telhado plano preserva a arquitetura original do prédio. “O projeto da arquiteta Denise Brasil é muito cuidadoso, mas se essa alternativa é inviável, nós preferimos então o projeto antigo, pensado anteriormente com o alteamento do teto e com tecnologia menos inovadora”, argumenta.
A reforma do telhado seria seguida da restauração da fiação elétrica porque o sistema de iluminação da ELT está sob a ameaça de uma pane, o que colocaria em risco mestres, funcionários e aprendizes. No momento, a Prefeitura afirma que não há projeto para essa reforma. “Há acordo público para que a reforma da fiação elétrica seja feita após a reforma do telhado. Isso foi dito pelo ex-secretário de Cultura Edson Salvo Melo diante de uma comissão de mestres e aprendizes e confirmado na imprensa”, recorda Toscano.
Para finalizar, haveria a pintura integral do prédio. A Prefeitura informa que está em estudo por uma empresa o patrocínio da pintura da parte externa. “Vemos com bons olhos toda e qualquer reforma. O que nos deixa preocupados é que não há licitação prevista para o telhado, o que inviabiliza as demais reformas necessárias”, analisa Toscano.
Na segunda-feira, o mestre deve receber posicionamento da Prefeitura sobre a data de abertura da licitação. “Isso é sempre o que acontece: eles precisam de prazos para responder sobre datas. O colegiado de mestres da ELT, que represento, considera essa postura um descaso com o acordo público e um descuido com o cronograma da Escola Livre de Teatro, que será prejudicado com essa demora”, afirma Toscano.
Fonte: Diário do Grande ABC